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Foto do escritorCeres Canali

SEXUALIDADE PARA TODAS AS FASES

Compartilho trecho de texto do prof. Dr. Nelson Vitiello, membro fundador da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana.




Em nossa cultura, a assim denominada “cristã ocidental”, que tem suas bases no judaísmo e cristianismo de um lado, e na cultura greco-romana de outro, a sexualidade vem sendo historicamente alvo de intensa repressão. Originada possivelmente por fatores demográficos (os israelitas precisavam de gente, motivo pelo qual as formas não reprodutivas de prazer sexual eram discriminadas), o exercício da sexualidade por mero prazer, sem fins reprodutivos, sempre foi reprimido, considerado imortal, sujo, pecaminoso... Por isso, formas de expressão da sensualidade e do erotismo, tais como a masturbação, a homossexualidade e outras são até hoje, alvo de preconceitos pelas estruturas sociais mais conservadoras.


Por isso, embora tenham já ocorrido importantes mudanças na maneira de enfocar a sexualidade, para a maioria, apenas adultos (mais especificamente adultos jovens) tem permissão social para reprodução existindo um generalizado conceito de que o sexo “bom”, o sexo “normal”, o sexo “aceitável”, o sexo oficial”, é o sexo adulto, heterossexual, monogâmico, conjugal e reprodutivo. Mudanças importantes têm sido notadas nas últimas duas ou três décadas quando a estes pontos de vista. No entanto não se pode negar que as mudanças estão ainda muito mais nos discursos do que na maneira real de ver a sexualidade.


Assim a maioria das pessoas, embora afirme não ter, por exemplo, nada contra o exercício da sexualidade na adolescência, não a admite quando se trata de suas filhas... Nessa visão repressora temos negado a sexualidade na infância, visto com maus olhos a sexualidade exercida por adolescentes é ridicularizado seu exercício por pessoas na terceira idade. Ainda hoje, existe resistências à ideia da sexualidade ser tão ampla, não restrita ao reduzida apenas à genitalidade, Nessa visão mais abrangente, as manifestações da sexualidade na infância podem ser aceitas como algo de natural e até necessário ao desenvolvimento normal do ser humano.


Essas idéias, no entanto, já têm apoio de todos os estudiosos sérios do tema. Na mesma linha, o exercício da sexualidade entre adolescentes (em especial para o sexo feminino) vem sendo visto com maus olhos, argumentando alguns que as jovens não estão “maduros”, etc. Esquecem-se essas pessoas de que o exercício da sexualidade não é invenção de nossos dias, que nossas avós casavam-se e tinham filhos a partir dos 14 ou 15 anos. Fica assim que a intenção repressora se dirige muito ao fato de não serem essas jovens casadas do que propriamente ao fato de serem jovens...


No que diz respeito às manifestações da sexualidade na terceira idade o preconceito é também bastante forte. Manifestação como caricias ou beijos entre idosos são vistas como “sem-vergonhice”, negando-se a eles o direito a exercê-las e transformando-os a todos em disfuncionais de desejos... Evidentemente essa visão preconceituosa precisa mudar. Urge que reconheçamos que o ser humano é sexuado do nascimento à morte, mudando apenas as formas de expressão dessa sexualidade, mas que felizmente, ela nos acompanha durante toda nossa existência.

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