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Parallel Lines
Ceres Canali

PRIVILÉGIO DE ADULTOS


Em nossa cultura, a assim denominada “cristã ocidental”, que tem suas bases no judaísmo e cristianismo de um lado, e


na cultura greco-romana de outro, a sexualidade vem sendo historicamente alvo de intensa repressão.






Originada possivelmente por fatores demográficos (os israelitas precisavam de gente, motivo pelo qual as formas não reprodutivas de prazer sexual eram discriminadas), o exército da sexualidade por mero prazer, sem fins reprodutivos, sempre foi reprimido, considerado imoral, sujo, pecaminoso...


Por isso, formas de expressão da sensualidade e do erotismo, tais como a masturbação, a homossexualidade e de outras são, até hoje, alvo de preconceitos pelas estruturas sociais mais conservadoras.





Assim, embora tenham já ocorrido importantes mudanças na maneira de enfocar a sexualidade, para a maioria, apenas adultos (mais especificamente adultos jovens) têm permissão social para a reprodução, existindo um generalizado conceito de que o sexo “bom”, o sexo “normal”, o sexo “aceitável”, o sexo “oficial”, é o sexo adulto, heterossexual, monogâmico, conjugal e reprodutivo.





Mudanças importantes têm sido notadas nas última duas ou três décadas quanto a estes pontos de vista. No entanto, não se pode negar que as mudanças estão ainda muito mais nos discursos do que na maneira real de ver a sexualidade. E a maioria das pessoas, embora afirme não ter, por exemplo, nad


a contra o exercício da sexualidade na adolescência, não a admite, quando se trata de suas filhas...


Nessa visão repressora temos negado a sexualidade na infância, visto com maus olhos a sexualidade exercida por adolescentes e ridicularizado seu exercício por pessoas na terceira idade.



Ainda hoje, existem resistências, à ideia da sexualidade enfocar os gestos, o olhar, as demonstrações afetivas e não apenas a genitalidade; nessa visão mais abrangente, as manifestações da sexualidade na infância podem ser aceitas como algo de natural e até necessário ao desenvolvimento normal do ser humano.





Essas ideias, no entanto, já têm apoio de todos os estudiosos sérios do tema. Na mesma linha, o exercício da sexual


idade entre adolescentes (em especial para o sexo feminino) vem sendo visto com maus olhos, argumentando alguns que os jovens não estão preparados para esse exercício, que seus organismos ainda não estão “maduros”, etc. Esquecem-se essas pessoas, de que o exercício da sexualidade não é invenção de nossos dias, que nossas avós casavam-se e tinham filhos a partir dos 14 ou 15 anos. Fica claro assim, que a intenção repressora se dirige muito mais ao fato de não serem essas jovens casadas, do que propriamente ao fato de, serem jovens.




No que diz respeito às m


anifestações da sexualidade na terceira idade o preconceito é também bastante forte. Manifestações como carícias ou beijos entre idosos são vistas como “sem-vergonha”, negando-se a eles o direito a exercê-las e transformando-os a todos em disfuncionais sexuais, pessoas destituídas de desejos e atração.





Evidentemente, essa visão preconceituosa precisa mudar. Urge que reconheçamos, que o ser humano é sexuado do nascimento à morte, mudando apenas as formas de expressão dessa sexualidade, mas que, felizmente, ela nos acompanha durante toda nossa existência.


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